- 20/03/2019
- Publicado por: Jose Mauricio dos Santos
- Categoria: POLÍTICA NACIONAL

O Backstage News é um produto diário da Tracker Consultoria que reúne os principais colunistas de política do País com informações dos bastidores do Poder.
FOLHA DE S. PAULO
Painel
Daniela Lima
Hora do exorcismo
Às vésperas de levar à Câmara o projeto que muda a aposentadoria dos militares, disparando o gatilho para a tramitação da reforma da Previdência, o secretário especial da área, Rogério Marinho, faz aceno explícito ao Congresso. “Está havendo uma satanização da política. A política com ‘P’ maiúsculo precisa voltar ao centro do debate”, diz. “Não há problema em o parlamentar buscar recursos para o seu estado, para a sua cidade. A emenda está na lei, é assim em qualquer lugar do mundo.”
Minha parte
A fala de Marinho integra esforço de alas do governo para melhorar as relações da administração Jair Bolsonaro com o Parlamento e viabilizar a formação de uma base, facilitando o debate sobre a reforma.
Esquenta
O estado de espírito de deputados, porém, segue indócil. Líderes dos principais partidos do centrão se juntaram à oposição e articulam aprovar nas comissões de Desenvolvimento Econômico e Relações Exteriores convocações dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Ernesto Araújo (Itamaraty).
Sujeito oculto
O presidente da Comissão de Relações Exteriores é Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que retorna de viagem aos EUA nesta quarta (20).
Bombeiros
A disseminação de críticas ao projeto de reestruturação das carreiras militares nas base das Forças Armadas fez os departamentos de comunicação de cada corporação circularem informes com esclarecimentos sobre o projeto.
De cabo a general
O comandante da Aeronáutica, Antonio Carlos Bermudez, afirmou que a proposta “respeita as peculiaridades de todos os círculos hierárquicos, sem exceção.”
Desconecta
“Nesse momento tão importante, conclamo a todos os integrantes da Força Aérea a ponderar racionalmente acerca de notícias falsas, vindas embevecidas com a possibilidade do impasse com a responsabilidade cívica.”
Fera ferida
No encontro com líderes partidários nesta terça-feira (19), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), demonstrou profundo incômodo com a artilharia digital da qual foi vítima. Chamado de “achacador” por bolsonaristas, disse que esse tipo ativismo não ajuda o governo.
Cordão sanitário
Apesar dos indícios de que o inquérito aberto pelo STF na semana passada para apurar fake news e ofensas contra membros da corte pode alcançar auditores fiscais, Marcos Cintra, secretário da Receita, crê que seu órgão, “como instituição, não será alvo” de devassa.
Meu quintal
Cintra repete o discurso de que a visita do presidente Jair Bolsonaro aos EUA abriu um diálogo que estava interditado desde 2003. Ele comemorou a assinatura de protocolo que evita a bitributação. Segundo disse, o governo brasileiro tenta destravar a medida desde 1967.
Meu quintal 2
O termo assinado por Bolsonaro e Donald Trump dá início a negociações que podem reduzir a dupla cobrança de empresas que operam nos dois países.
Tantas você fez…
A terceira prisão do ex-governador Beto Richa (PSDB-PR) em cerca de seis meses ampliou a convicção de uma ala do tucanato de que, assim que houver troca de guarda na direção nacional do partido, é preciso rever a permanência na legenda de filiados que são alvo de acusações graves.
Inimigo do meu inimigo
Depois de terem coletado assinaturas na Assembleia de SP para investigar Paulo Preto, o ex-diretor da Dersa, o PT e o PSL podem ter novo alvo comum. Integrantes das duas siglas são contra a PPP dos presídios, uma promessa do governador João Doria (PSDB).
Todos contra um
O fato de o Ministério Público e o Ministério Público de Contas terem, ambos, apontado problemas no leilão da Ferrovia Norte-Sul ampliou a pressão sobre o Tribunal de Contas da União. Os órgãos envolvidos no caso foram chamados a prestar explicações. A intervenção da corte não é descartada.
Tiroteio
Antes de tudo, é necessário que haja diálogo entre os presidentes. Uma intervenção geraria ainda mais conflitos
De Juliano Torquato (PRB), prefeito de Paracaima (RR), sobre Jair Bolsonaro não ter descartado intervenção militar dos EUA na Venezuela
Mercado Aberto
Cris Frias
Kajuru diz que Gilmar Mendes vende sentenças e ministro pede providências ao STF
Senador afirmou em entrevista que o ministro será o primeiro alvo da CPI da Toga
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma representação contra o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) ao presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli.
No documento, que foi protocolado nesta terça (19), Mendes cita trechos de uma entrevista do senador à Rádio Bandeirantes no domingo (17).
Kajuru afirma querer saber como o ministro “tem R$ 20 milhões de patrimônio”. “De onde você tirou esse patrimônio? De Mega Sena? De herança de quem você tirou, Gilmar Mendes? Foram das sentenças que você vendeu, seu canalha!”
O senador diz ainda Mendes é sócio dos ex-governadores tucanos Beto Richa (PR), Aécio Neves (MG) e Marconi Perillo (GO). “Nós vamos pegar, apurar, investigar todas as empresas que eles são sócios, que eles têm negociação, por que ele protegeu Aécio Neves, por que que ele protege o Marconi Perillo. Por que que ele protege tantos outros políticos.”
Segundo Kajuru, Mendes será o primeiro alvo da CPI da Toga. “Depois vamos nos Lewandowskis da vida”.
Mendes encaminhou as declarações ao ministro Toffoli para a “adoção das providências que entender cabíveis”.
Mônica Bérgamo
Ministros vão ao Rio para analisar 26 contratos do Fundo da Amazônia
O fundo recebe recursos para projetos de combate ao desmatamento
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, vão aterrissar no BNDES, no Rio, na quinta (21), para analisar in loco 26 contratos do Fundo da Amazônia com organismos do terceiro setor.
FOGO
O fundo recebe recursos da Petrobras, da Alemanha e especialmente da Noruega e os destina a projetos de combate ao desmatamento da Amazônia.
INDUSTRIAL
Salles desconfia de irregularidades e já criticou o que chama de “indústrias das ONGs ecoxiitas”. Ele chegou a acionar a CGU (Controladoria Geral da União) para ter acesso a 104 contratos, num total de R$ 1 bilhão.
TERROR
A Fundação Procon-SP notificou o Google para que a empresa suspenda a veiculação de vídeos da personagem Momo no YouTube. Ela incitaria crianças ao suicídio e à violência.
TERROR 2
Vídeos feitos para crianças estariam sendo interrompidos com inserções da animação. A empresa tem 48 horas para responder.
NÃO PODE
O Google afirma que não recebeu nenhuma evidência recente de vídeos mostrando ou promovendo o desafio Momo no YouTube Kids. “Conteúdo desse tipo violaria nossas políticas e seria removido imediatamente.”
EM ALTA
O empresário Benjamin Steinbruch ofereceu um jantar no sábado (16) para o governador de SP, João Doria (PSDB-SP).
LISTA
Além de empresários, estavam presentes o ex-governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e Bruno Araújo (PSDB-PE), apresentado como futuro presidente do PSDB.
LISTA 2
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que atualmente comanda a legenda, não estava na festa.
WWW
O ex-ministro Aldo Rebelo vai lançar um site de informação, análise política e opinião. O nome será Bonifácio, e Rebelo conta com um grupo de dez pessoas na equipe, entre jornalistas e colaboradores. A estreia está prevista para o final de março.
DÚVIDA
As buscas no Google feitas nos EUA sobre o presidente Jair Bolsonaro saltaram 18% entre o domingo (17) e a terça (19), quando ele se encontrou com o presidente americano Donald Trump.
QUEM É ELE
Uma das perguntas mais buscadas era “quem é Bolsonaro?”.
DATA
Houve interesse também em saber qual é o índice de aprovação do brasileiro, como ele é descrito, o percentual da população pobre no Brasil e programas sociais desenvolvidos pelo PT e pelo atual presidente.
O ESTADO DE S. PAULO
Coluna do Estadão
Alberto Bombig
STF não recua e busca apoio da opinião pública
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, vai buscar o apoio da opinião pública para seu enfrentamento contra notícias fraudulentas e campanhas virtuais difamatórias. Em seus discursos, ele passará a lembrar que o ataque às reputações não se restringe ao Judiciário: alcança personalidades, jornalistas, veículos e até mesmo jovens que têm sua privacidade exposta nas redes. O inquérito, relatado por Alexandre de Moraes, incluirá ainda uma denúncia feita por meio da Central de Atendimento ao Cidadão da Corte.
Old news
É velho o vídeo que circulou no WhatsApp no fim de semana com ataque direto ao Congresso e ao STF e foi parar nas mãos de Rodrigo Maia e Toffoli. O autor é o publicitário Eugênio Mohallen.
Eu, não
À Coluna, Mohallen disse que não foi ele quem botou de novo no circuito o vídeo. Segundo o publicitário, em 2016, Joice Hasselmann ajudou a bombar a curta peça satírica.
Ação
O vereador Camilo Cristófaro (PSB) foi condenado a indenizar em R$ 50 mil João Doria por danos morais e uso indevido de imagem em um vídeo que associava o governador a Hitler. A defesa do parlamentar diz que recorrerá.
Ué?
O general Floriano Azevedo e Silva estranhou a declaração de Maia de que os militares chegaram no “final da festa”. “Não temos tempo para estar no início nem no final de festas”, disse à Coluna. As reuniões entre ambos haviam transcorrido sem ruídos.
Fake
A Defesa estranha a rapidez com que informações falsas foram divulgadas sobre a reforma. Os maiores porcentuais de reajuste serão para os praças, não para generais, alega.
Pirâmide
Projeto que será enviado ao Congresso prevê o aumento do porcentual de trabalhadores temporários nas Forças, dos atuais 55% para até 60%. Por servirem no máximo oito anos, eles não se aposentam como militares.
Help
Floriano Amorim ouviu ontem no Planalto, dos deputados do Novo Paulo Ganime (RJ) e Vinicius Poit (SP), dicas de como ajustar a comunicação sobre a Nova Previdência.
Receita
Poit listou três frentes: focar no discurso emotivo, priorizar redes sociais e ações para criar “buzz” (frisson) e colocar mais Bolsonaro em ação.
Meia…
Na reunião da CCJ de ontem ficou acertado que o ministro Paulo Guedes será convidado a explicar a reforma aos deputados na próxima terça-feira. O pleito era da oposição, inicialmente, mas foi encampado por todos os partidos no colegiado.
…derrota
Sem líder de governo, do PSL ou qualquer outro representante do Planalto na reunião, coube ao presidente da CCJ, Felipe Francischini, negociar com os parlamentares para evitar o desgaste de uma convocação. Guedes será apenas “convidado”.
Click
Henrique Mandetta (ministro da Saúde) mostra hoje na Câmara aplicativo que notifica deputados sobre as emendas empenhadas e pagas. Já pode ser baixado.
Só paga…
A prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), meca do sindicalismo brasileiro, foi rápida e já retirou da folha de pagamento de seus 14 mil servidores públicos a obrigatoriedade da contribuição sindical.
…quem quiser
A decisão do prefeito Orlando Morando (PSDB) acata a MP 873/19, editada pelo presidente Bolsonaro, segundo a qual o repasse deve ser voluntário, individual e autorizado pelo empregado.
Pronto, falei!
Alessandro Vieira, senador (PPS-SE): “A crise não é de Poderes, é de poderosos que tentam a todo custo evitar serem investigados”, sobre a reação ao seu pedido de abertura da CPI da Lava Toga
‘Não temos tempo para festas’, diz ministro da Defesa sobre declaração de Maia
O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, reagiu à declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que os militares teriam chegado no “finalzinho da festa”. O ministro, que conversou com Maia durante a elaboração da proposta da reforma da Previdência que deve ser apresentada hoje, estranhou a afirmação do parlamentar.
“Nos navios e submarinos; nas fronteiras, na Amazônia até os Pampas; e dentro de aeronaves e nos controladores cuidando do nosso espaço aéreo. Não temos tempo para estar no início e no final de festas”, rebateu o ministro à Coluna.
Na tarde de terça-feira, Maia afirmou que, apesar da defasagem das remunerações dos militares, a situação fiscal do País deixa pouca margem para concessões à categoria. “O problema é que estamos no fim da festa. O Brasil quebrou e eles (os militares) estão querendo entrar nesta festa no finalzinho, quando já está amanhecendo, a música está acabando e não tem mais ninguém para dançar”, afirmou nesta terça-feira, 19.
A declaração caiu muito mal nas Forças Armadas. Militares de alta patente estão preocupados com as mudanças que os deputados já ameaçam a fazer na proposta, com a retirada do período de transição para as novas regras.
Também causa tensão a possibilidade de separarem a tramitação da reestruturação da carreira da reforma da Previdência e a proibição de militares da reserva exercerem cargos no Executivo.
Direto da Fonte
Sônia Racy
Paulo Guedes e assessor de Trump falam de pensadores liberais
A conversa ontem, em Washington, entre Paulo Guedes e Larry Kudlow, principal assessor econômico de Trump, não se limitou às relações comerciais entre EUA e Brasil. Acadêmicos aplicados, veteranos estudiosos das doutrinas econômicas, os dois trocaram figurinhas sobre Friedrich von Hayek – tido como o sistematizador do pensamento liberal no século 20.
Segundo se apurou, falaram também sobre Ludwig von Mises, célebre teórico da escola austríaca do liberalismo econômico, e Ludwig Erhard, chanceler alemão de 1963 a 1966, reconhecido pela reconstrução da Alemanha no pós-guerra. E não faltaram menções a Thomas Friedman e sua globalização econômica.
Descobriram que seus gurus são os mesmos: todos rigorosamente liberais.
Kudlow, ao final, acabou pedindo ao ministro da Fazenda que voltasse à tarde à Embaixada brasileira para continuarem a trocar ideias.
Murillo de Aragão tem apoio de militares na disputa pela Embaixada nos EUA
Pelo que se apurou, na disputa pela Embaixada do Brasil nos EUA o consultor Murillo de Aragão tem o apoio dos militares. E Nestor Forster Jr., o do ministro Ernesto Araújo.
Após liberação de vistos, Embratur espera dobrar o número de turistas até 2022
A liberação de vistos para turistas dos EUA, Austrália, Canadá e Japão mal saiu no Diário Oficial e a Embratur já faz suas contas. Sonha com um salto de 6,6 milhões para 12 milhões de visitantes no País e com R$ 1 bilhão a mais na economia até 2022.
A facilitação de visto tem representado, na média, um aumento de 25% no fluxo de turistas, segundo a Organização Mundial de Turismo.
Vera Magalhães
Amigos e negócios
O apoio incondicional manifestado por Bolsonaro em várias ocasiões, antes e durante a visita aos EUA, a Donald Trump pode, no fim das contas, resultar em conquistas inéditas para o Brasil
Diz o ditado popular que “amigos, amigos; negócios à parte”. A julgar pelo saldo da viagem de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, nem sempre. O apoio incondicional manifestado em várias ocasiões, antes e durante a visita, do brasileiro a Donald Trump pode, no fim das contas, resultar em conquistas inéditas para o Brasil, caso se confirme em ações o entusiasmo da retórica dos dois presidentes nesta terça-feira.
Para o coordenador do curso de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Matias Spektor, pesquisador do histórico de reuniões presidenciais, os ganhos superam em muito os obtidos por Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff de, respectivamente, Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama.
Ele destaca principalmente o acordo para o uso comercial da base de Alcântara, a concessão ao Brasil do status de aliado preferencial extra-Otan e o apoio norte-americano ao ingresso do Brasil na OCDE, o chamado “clube dos ricos”.
Num governo em que os militares têm o peso político que adquiriram com Bolsonaro, o status de aliado preferencial permite o reaparelhamento das Forças Armadas mediante menos gastos. Da mesma maneira, os lucros com a exploração comercial de Alcântara devem reverter para as Forças Armadas, que, para Bolsonaro, foram sucateadas desde FHC.
O ingresso na OCDE, caso se concretize – e para isso será decisivo saber se Trump apenas deu um tapinha nas costas do amigo ou se de fato vai atuar –, será um carimbo valioso para a política econômica de Paulo Guedes, outro pilar do governo.
A falta de acordos comerciais específicos não prejudica o saldo da visita, diz Spektor, uma vez que nem Trump nem Bolsonaro contavam com apoio dos respectivos Congressos a propostas de retirada de incentivos neste momento. Zero a zero nesse aspecto, edulcorado com a criação ou incremento de fóruns (empresarial, de energia, etc.).
Mesmo a dualidade na retórica em relação à Venezuela não significaria tendência de Bolsonaro a embarcar numa aventura militar no país vizinho: fontes do governo diziam ontem que segue inalterada a diretriz dada pelos militares, de não intervenção, e que o brasileiro só não quis dizer um “não” na casa do seu novo melhor amigo.
Concessões encolhem ganho com projeto dos militares
A se confirmar o cálculo apresentado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, as compensações incluídas no projeto de previdência dos militares, a ser apresentado nesta quarta-feira, encolheram em muito o cálculo inicial da área econômica com as alterações nas aposentadorias e pensões das Forças Armadas. No material de divulgação da Nova Previdência, preparado pela equipe de Paulo Guedes para explicar o projeto, a economia em dez anos com “inatividade e pensões das Forças Armadas” é estimada em R$ 92,3 bilhões, longe dos modestos R$ 13 bilhões adiantados pelo vice. Com tamanho encolhimento da parte dos fardados no sacrifício geral que se exige (sobretudo dos servidores civis), para equalizar a Previdência, será difícil manter o discurso de que os mais privilegiados pagam mais. Isso porque o déficit per capita da Previdência dos militares é o maior de todos: R$ 99,5 mil por beneficiário, ante R$ 68,6 mil por servidor civil.
O GLOBO
Bernardo Mello
Bolsonaro com Trump: só faltou pedir autógrafo
Jair Bolsonaro realizou um sonho. O presidente não disfarçou a emoção ao despontar ao lado de Donald Trump nos jardins da Casa Branca. Parecia um garoto diante de um ídolo do futebol. Só faltou pedir autógrafo.
É normal que líderes de nações amigas troquem gentilezas em público. Bolsonaro foi muito além do protocolo. Disse que sua admiração pelos EUA aumentou depois da eleição de Trump. Imitou chavões do anfitrião, que costuma acusar os críticos de difundir “fake news”. Depois afirmou que acredita “piamente” na reeleição do republicano.
“Obrigado. Eu concordo!”, gracejou Trump. A declaração pode causar problemas ao Brasil se o Partido Democrata voltar ao poder em 2020.
Na véspera, Bolsonaro escolheu a Fox News para uma entrevista exclusiva. Apesar da proximidade com o governo local, a emissora não poupou o convidado. “Nunca ninguém emulou tanto o presidente Trump como o presidente do Brasil”, resumiu. O brasileiro foi apresentado como um político de “extrema direita”, que manteria “intensas relações familiares com policiais corruptos e gangues paramilitares”.
Para afagar o aliado, Bolsonaro elogiou a ideia de erguer um muro na fonteira com o México. Depois afirmou que “a grande maioria” dos imigrantes “não tem boas intenções nem quer fazer bem ao povo americano”. Ontem ele tentou corrigir a frase, que ofendeu milhares de brasileiros. “Peço desculpas aí”, disse.
O presidente voltou a apequenar o Itamaraty na visita. Ele levou o filho Eduardo para a conversa com Trump no Salão Oval, enquanto o ministro Ernesto Araújo ficou do lado de fora. A escolha reforçou a ideia de que o Brasil tem um chanceler decorativo. Quem manda na diplomacia é o Zero Três.
No front comercial, Bolsonaro trocou vantagens concretas por promessas que podem ou não se realizar. Ele abriu mão de benefícios na OMC, retirou os impostos da importação de trigo americano e liberou o lançamento de foguetes na Base de Alcântara. “Economizaremos muito dinheiro”, festejou Trump, enquanto o brasileiro sorria a seu lado.
Lauro Jardim
Uma sombra assustaria Doria
João Doria não quer nem ouvir falar na possibilidade de Geraldo Alckmin assumir a presidência do Instituto Teotônio Vilela, como planejam os aliados do ex-governador.
Talvez por saber que, caso Alckmin se coloque como pretendente ao posto, Doria não terá espaço político para barrá-lo, pelo menos sem reforçar a imagem de ingratidão com seu padrinho.
Em busca de protagonismo
A deputada Major Fabiana (PSL/RJ) trabalha para ser uma das protagonistas da Frente Parlamentar de Segurança Pública, que será lançada hoje na Câmara. O objetivo é um só: quer ser o nome do PSL à Prefeitura do Rio de Janeiro.
Terá um trabalho difícil pela frente. Precisa desbancar Rodrigo Amorim — deputado estadual que quebrou a placa em homenagem a Marielle Franco — amigo de Flávio Bolsonaro, presidente do diretório estadual do partido.
Racha entre ministro e secretário paralisa o esporte nacional
Desde o início do governo Bolsonaro, o esporte ficou sob o guarda-chuva do Ministério da Cidadania, comandado por Osmar Terra. E para agradar o presidente, Terra nomeou um general para a área: Marco Aurélio Vieira, que foi diretor-executivo de Operações dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
Só que visões diferentes sobre a administração pública fizeram a relação entre os dois desandar, e desde então, as políticas esportivas do Brasil estão paradas.
Terra que nomear aliados políticos — como fez em outras áreas. Já Vieira quer quadros técnicos. Por causa da desavença, o ministro não publica no Diário Oficial nenhum nome indicado pelo general. Resultado: todas as cinco secretarias de esportes estão vagas.
Murillo de Aragão na América do Norte
Convidado pela embaixada brasileira em Montreal, Murillo de Aragão, um dos nomes cotados para ocupar a embaixada em Washington, dará amanhã uma palestra para 70 investidores canadenses em Quebec.
Guaidó agradece
Juan Guaidó comemorou a entrevista coletiva que Jair Bolsonaro deu ao lado de Donald Trump, ontem à tarde.
A um amigo brasileiro, o advogado Fernando Tibúrcio, Guaidó reconheceu que a queda de Nicolás Maduro só ocorrerá de fora para dentro da Venezuela. Resumiu Guaidó:
— Sem pressão, não haverá saída.
Supremo mantém turma de Pezão na cadeia
Alexandre de Moraes negou de uma tacada só habeas corpus de quatro personagens presos na Operação Boca de Lobo, que levou Luiz Fernando Pezão para a cadeia.
Pela caneta de Moraes, continuam presos Luiz Carlos Barroso, o Luizinho, ex-assessor e apontado como um dos homens da mala de Pezão; Marcelo Santos Amorim, sobrinho do ex-governador; e os sócios da empresa responsável por uma obra na casa de Pezão: Luis Fernando Craveiro de Amorim e César Augusto Craveiro de Amorim.
Americanos, japoneses, australianos e canadenses: US$ 1 bi a mais na economia
Jair Bolsonaro está de olho na carteira de americanos, canadenses, australianos e japoneses ao dispensar a exigência de visto para cidadãos dessas nacionalidades.
Desde que o Ministério do Turismo e o Itamaraty abriram aos quatro países a possibilidade de se tirar o visto para cá eletronicamente, no final do ano passado, a procura deles pelo Brasil cresceu 35%.
Calcula-se que, a partir do gasto médio dos turistas, esse aumento no pedido de vistos representará a injeção de US$ 1 bilhão a mais por ano na economia nacional.
O primeiro encontro de Bolsonaro com Trump
Merval Pereira
Exigência para a OCDE não é vantajosa
A viagem do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos tem alguns pontos que podem ser positivos, dependendo da finalização dos acordos. Na balança comercial, há negociações para a redução do déficit; com a volta da base de Alcântara para a utilização dos americanos, o Brasil ganha com transferência de tecnologia, experiência e pesquisa. Já a entrada na OCDE é importante, fundamental, mas abrir mão de participar da OMC como país em desenvolvimento, como querem os EUA, não é vantajoso. Além disso, o simples apoio de Trump não é garantia de que o Brasil vá entrar mesmo.
Mas há também questões complicadas: o tom do presidente e de seu filho sobre imigrantes e brasileiros ilegais nos EUA é muito ruim. O país é que deveria se envergonhar de os brasileiros irem para lá em busca de empregos que aqui não têm. São declarações sem nenhuma lógica e sem tipo de entendimento mais generalizado da situação mundial.
Como criança na Disney
Diz-se de uma pessoa feliz em uma situação que está “como pinto no lixo”. Pois Bolsonaro parecia uma criança feliz na Disney. A visita aos Estados Unidos pode ser considerada um sucesso, com o apoio de Trump à entrada do Brasil na OCDE, o aceno para que nos associemos à OTAN, a possibilidade de reduzir o déficit na balança comercial com os Estados Unidos, a utilização da Base de Alcântara pelos americanos, que pode trazer tecnologia e intercâmbio. Mas a política externa brasileira está sendo tocada por uma dupla assimétrica: o deputado Eduardo Bolsonaro indicou o chanceler Ernesto Araujo, mas faz questão de mostrar que quem manda é ele. Ontem, submeteu seu apadrinhado a uma humilhação pública, ao substituí-lo na audiência com o presidente Trump na Casa Branca.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o 03 na hierarquia familiar reforçou a idéia de que é o 01 da política externa. Muito parecido com os governos petistas, que tinham dois chanceleres: Celso Amorim, e a eminência parda do petismo, Marco Aurélio Garcia. Amorim conseguiu impor-se com o tempo e se transformou em um petista de cúpula. Mas Garcia tinha gabinete no Palácio do Planalto e uma influência indiscutível na formulação da política externa.
Como agora, não havia discordâncias ideológicas entre os dois, mas dificilmente o chanceler neófito Ernesto Araujo terá voz própria na política externa de Bolsonaro. As medidas radicalizadas que o governo abraça, como mudança da embaixada brasileira para Jerusalém; disputa com a China, que ainda vêem como comunista, uma atuação mais radical na Venezuela, todas saem da cabeça de Eduardo Bolsonaro, cujo papel nas relações internacionais foi elogiado por Trump: “Vejo o filho do presidente, que tem sido fantástico”.
Os dois, Eduardo e Araujo, são discípulos do ideólogo da radicalização de direita Olavo de Carvalho. Os esquerdistas vêem golpes sempre que perdem, os direitistas têm mania de ver comunista em qualquer lugar. Por isso o presidente Bolsonaro disse nos Estados Unidos que “nosso Brasil caminhava para o socialismo, para o comunismo”.
No que foi seguido pelo presidente americano Donald Trump, que disse que pensa de forma semelhante a Jair Bolsonaro. “A última coisa que queremos nos EUA é socialismo”. Assim como o PT tem o socialismo só em seu programa, também o socialismo que Trump rejeita, na última eleição foi representado pelo veterano Bernie Sanders, que se diz liberal progressista.
Nos Estados Unidos, a social-democracia européia é sinal de comunismo. Não foi Bolsonaro quem impediu que o país se tornasse comunista, simplesmente porque nunca houve essa ameaça. Nem há, entre os bolivarianos que o PT financiou com o dinheiro da corrupção, um país comunista. Todos se dizem de esquerda, mas são mesmo cleptocracias ditatoriais.
Se o PT conseguisse permanecer no poder, tentaria implantar não o socialismo no Brasil, mas um governo autoritário, como a Venezuela de Chaves, ou a Nicarágua de Ortega. No máximo, o que chamam de socialismo do século XXI, que mascara com populismo a rapina dos tesouros nacionais.
Quem interrompeu a caminhada do PT não foi Bolsonaro, foi Dilma, cujo governo desastroso, e falcatruas no orçamento, deram espaço para seu impeachment. Quem governou o país nos últimos três anos foi Michel Temer, que de comunista ou socialista não tem nada.
Se eventualmente houvesse uma maquinação petista para assumir o poder sem contraposições institucionais, e tentaram várias vezes abrir atalhos para isso, o MDB velho de guerra é que inviabilizou a pretextada aventura abandonando a parceria com o PT e aderindo à oposição.
A aliança com os Estados Unidos, que é um ativo importante para o Brasil, foi tratada pelos Bolsonaros como uma benção dos céus. Até o ministro da Economia, Paulo Guedes, um dos pilares do governo, que foi muito claro no apoio à relação comercial com a China, caiu na esparrela e disse a certa altura que temos um presidente que adora os Estados Unidos, jeans, Disneylândia e Coca-Cola.
Para completar a sequência de embaraços, Bolsonaro, seguindo um twitter do filho 02, disse em uma entrevista na Fox que a maioria dos imigrantes não têm boas intenções quando vão para os Estados Unidos. Eduardo havia dito que os brasileiros ilegais nos Estados Unidos eram “uma vergonha” para o Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas mais tarde, alegando que cometera um equívoco, queria se referir à “menor parte”. O chanceler de facto passou batido.
Correção
Na coluna de ontem escrevi que Joesley Batista, em conversa com assesores, disse que tinha cinco ministros do STF “nas mãos “. Na verdade, ele citava um assessor que lhe disse que ouviu do então ministro da Justiça José Eduardo Cardoso que tinha cinco ministros “nas mãos”. A investigação pedida pela então presidente do STF Cármem Lúcia mostrou que o comentário não era verdadeiro.
Miriam Leitão
O alto preço para entrar na OCDE
Para entrar na OCDE, o Brasil ofereceu algo concreto para receber um vago apoio americano. O Brasil teria que abrir mão do status de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio. É um preço alto demais.
Na OMC, o país que se declara em desenvolvimento tem um tratamento especial diferenciado, como se diz. Tem mais tempo para cumprir determinadas obrigações, os compromissos são mais simples. Para o país desenvolvido, por exemplo, o subsídio à agricultura fica limitado a 5% da produção. No país em desenvolvimento, pode chegar a 10%, o dobro. Há várias outras implicações. O Brasil abrirá mão de possíveis vantagens em futuras negociações. Em outras áreas, como no combate às mudanças climáticas, as metas são mais exigentes para um país que se declara desenvolvido.
A OCDE é uma organização importante. Presidida por um mexicano, Ángel Gurría, um orientador de políticas públicas. Mas a vantagem de ser um membro é mais abstrata em comparação ao que o país abrirá mão se se declarar como desenvolvido. Até porque, de fato, o Brasil é um país em desenvolvimento.
Apenas um membro da OMC trocou seu status para economia desenvolvida
Até hoje apenas um membro da Organização Mundial do Comércio trocou seu status de economia em desenvolvimento para desenvolvida. Foi Taipé Chinês, mais conhecida como Taiwan. A decisão é recente, foi anunciada em setembro. A intenção do governo local era se diferenciar da China continental. Foi um movimento diplomático. A região não é considerada um país em algumas organizações, mas sim parte do território chinês. Já o Brasil pode ser o segundo país a mudar seu status na OMC de economia em desenvolvimento para desenvolvida.
A troca seria uma condição para ganhar o apoio dos EUA na pretensão brasileira de entrar na OCDE, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A mudança traria efeitos práticos. Países em desenvolvimento têm mais tempo para se adequar a regras, que às vezes são mais brandas. A OMC limita o subsídio à agricultura em 5% da produção no país desenvolvido; nas economias em desenvolvimento, o limite sobe para 10%. A troca do status, portanto, traria custos. Os acordos do clima também exigem compromissos mais duros dos países desenvolvidos.
O fato de que, até hoje, só um membro em desenvolvimento da OMC trocou seu status é mais um indício de que a mudança não é vantajosa.
Brasil trocará o certo na OMC pelo duvidoso na OCDE
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, emitiu nota conjunta com o presidente americano, Donald Trump, dizendo que o Brasil vai renunciar gradualmente ao seu status de país emergente na OMC. Em troca, os EUA vão apoiar a entrada brasileira na OCDE. Na prática, o Brasil troca o certo pelo duvidoso, em uma negociação favorável aos interesses americanos.
A entrada brasileira na OCDE não depende apenas da vontade de Trump, explica o diretor-executivo do ICC (Internacional Chamber of Commerce), Gabriel Petrus. O Brasil pode até receber o convite, mas depois terá que cumprir uma série de exigências para fazer parte da organização, como por exemplo, aprovar uma reforma tributária e promover a abertura comercial.
– A estratégia de negociação do governo brasileiro é complexa. A declaração de país emergente dá mais prazos para o Brasil implementar acordos comerciais e oferece mecanismos interessantes para negociações com economias desenvolvidas. O Brasil abre mão deste status por um apoio que ainda não oferece garantias totais de adesão à OCDE – afirmou.
A OMC, lembra Petrus, é uma organização com poder de sanção internacional. Já a OCDE é um órgão que promove boas práticas, faz estudos e recomendações aos demais países. A entrada do Brasil na OCDE teria o poder de pressionar o Congresso brasileiro pelas reformas. Já o status na OMC beneficia diversos setores da nossa economia, da indústria ao agronegócio.
– A tese defendida pelos EUA não faz sentido. Se você entra na OCDE não quer dizer que já é país desenvolvido. México e a Colômbia acabaram de entrar para o grupo e continuam sendo países em desenvolvimento – explicou Petrus.
A relação bilateral entre EUA e Brasil seria pouco afetada. Mas os americanos usariam o exemplo brasileiro para confrontar a “autodeclaração de emergente” na OMC como um todo, dentro do processo de reforma do órgão defendido pelos americanos.
Um acordo desequilibrado
O Brasil fez concessões concretas e recebeu apenas promessas na visita do presidente Jair Bolsonaro a Washington. É isso que se conclui da leitura do Comunicado Conjunto. Há muito a perder no comércio externo, abrindo mão das vantagens que países em desenvolvimento têm dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em troca, o que o Brasil recebe? Um aviso de que os Estados Unidos apoiarão o nosso esforço de entrar na OCDE, cuja grande vantagem é meramente abstrata.
A OCDE é um grande centro de negociação. Algumas questões passam por lá antes de irem para outros órgãos. É também um centro de orientação de políticas públicas. Mas hoje o Brasil tem tido a assistência da organização na qualificação de algumas dessas políticas. Estar na Organização é bom, mas não é o mesmo que entrar na liga dos campeões como disse o ministro da Economia. Uma indicação de que os Estados Unidos apoiarão os procedimentos iniciais para que o Brasil seja membro completo da OCDE não traz ganho equivalente às perdas que teremos.
O que o Brasil prometeu em troca desse vago apoio foi abrir mão da vantagem de ser país em desenvolvimento na OMC. A Organização Mundial do Comércio estabelece que países em desenvolvimento têm um tratamento especial diferenciado no comércio internacional. Têm prazos de implementação de regras de defesa comercial maiores do que os países desenvolvidos. Na área agrícola, têm maior espaço de subsídios. Os países em desenvolvimento podem negociar entendimentos entre eles sem estender os benefícios para os países desenvolvidos. Os EUA, por serem a maior economia do mundo, querem acabar com essas vantagens para os outros países. Aceitar isso é fazer o jogo americano, com reflexos concretos em exportações brasileiras de inúmeros produtos.
Além disso, o Brasil abre mão antecipadamente de quaisquer benefícios em negociações futuras. É bem verdade que os Estados Unidos serão muito mais resistentes a aceitar tratamentos diferenciados no futuro, já que a China se declara país em desenvolvimento. Além dela, México, Coreia, Turquia e Cingapura, entre outros.
— Há também o lado político. Se o Brasil se declarar país desenvolvido na OMC, que tipo de impacto isso terá em outras negociações, inclusive na ONU, em mudanças climáticas? Abre um espaço. Os países nos dirão: se lá o Brasil não é um país em desenvolvimento por que seria aqui? Isso pode trazer um cerceamento de tratamento diferenciado que o Brasil teria em outras negociações —diz um embaixador.
O que se temia aconteceu. O deslumbramento pueril com a grande potência levou a comitiva do governo brasileiro a fazer concessões. “Demos tudo, não levamos nada”, resumiu outro diplomata. O Brasil retirou a exigência do visto sem exigir reciprocidade, e recebeu em troca a promessa de que serão dados “os passos necessários para permitir que o Brasil participe do programa global de visitantes confiáveis” do Departament of Homeland Security. Ou seja, nada.
Em outro ponto do comunicado conjunto, o Brasil se comprometeu a comprar 750 mil toneladas de trigo americano sem cobrar tarifa. Os dois países concordaram em respeitar condições científicas para a importação de carne de porco americana, e em troca os Estados Unidos concordam em marcar uma visita técnica para inspeção da carne brasileira. Ou seja, nós compramos e eles avaliam se vão comprar. Tudo tem esse tom. O Brasil concede algo concreto. A base de Alcântara, por exemplo. Em troca os Estados Unidos dizem que têm a intenção de nos declarar aliado especial fora da Otan.
O Itamaraty recebeu um eloquente sinal de desprestígio. “Uma vergonha para o Itamaraty”, disse um embaixador sobre o fato de o chanceler ser preterido no encontro do Salão Oval em favor do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro. O presidente Jair Bolsonaro disse ser inédito no Brasil, nas últimas décadas, um governo brasileiro como o dele que não é antiamericano. Onde esteve Bolsonaro nas tais décadas às quais se refere? Como outra sequela do encontro, houve sinais na entrevista da intenção americana de fazer uma investida militar na Venezuela.
O saldo da visita foi ruim. O problema foi realizá-la com uma comitiva tão capturada ideologicamente pelo governo Trump. Nesse tipo de negociação, a ideologia faz um grande estrago. O que faltou foi profissionalismo.
Intenção de mudar o governo da Venezuela é o que houve de concreto
O compromisso mais firme defendido por Donald Trump e Jair Bolsonaro foi pela mudança de governo na Venezuela. Na fala pública na Casa Branca, o brasileiro não negou uma intervenção militar. Trump repetiu que todas as opções estão na mesa e pediu que os militares venezuelanos parem de apoiar Nicolas Maduro, “uma marionete de Cuba”. Do interesse do Brasil, nenhuma novidade concreta foi anunciada no jardim da Casa Branca.
Bolsonaro disse que fará “o que for possível, juntos, para acabar com a ditadura venezuelana”. Ao responder sobre uma intervenção militar, não negou. Disse que certas situações não podem ser debatidas publicamente por uma questão estratégica.
O anúncio do Brasil como aliado estratégico extra-Otan já era esperado. A entrada na OCDE, organização que reúne países ricos e em desenvolvimento, ainda não aconteceu. Trump apenas “deu as boas vindas às aspirações do Brasil” de ingressar na organização, que define políticas públicas para países ricos e em desenvolvimento.
Itamaraty sai rebaixado com ida de Eduardo para o encontro com Trump
Foi uma vergonha para o Itamaraty. Assim um embaixador definiu a sua avaliação sobre a decisão do presidente Jair Bolsonaro de levar o filho Eduardo Bolsonaro para o encontro com o presidente Trump. De novo é algo que encolhe o Brasil. Não faz qualquer sentido. Se o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tivesse alguma fibra pediria para sair.
Militares se inspiram no Barão do Rio Branco: paz com vizinhos
O presidente Jair Bolsonaro não deixou clara a posição do Brasil sobre a Venezuela, na coletiva com Donald Trump. No encontro, ele acabou não descartando uma eventual intervenção militar no país vizinho. “Tem certas questões que se você divulgar deixam de ser estratégicas”. Isso é perigoso. Uma fonte militar graduada, no entanto, afastou essa possibilidade. O sentimento nas Forças Armadas é o de manter a política de não intervenção. “Nosso inspirador continua sendo o Barão do Rio Branco: paz com vizinhos”, disse o militar. O Barão do Rio Branco foi o fundador da política externa brasileira da República.
A fonte conta ainda que continua havendo canais de diálogos sutis com os militares venezuelanos.
Na coletiva, Trump disse que todas as opções estão sobre a mesa.
BLOG DA ANDRÉIA SADI
Francischini vai a Maia por Previdência e diz que reforma ‘depende de Guedes para tramitar’
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Felipe Francischini (PSL-PR), tem um encontro marcado nesta quarta-feira (20) pela manhã com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na residência oficial.
Francischini quer discutir, entre outros assuntos, o relator da previdência na CCJ. E disse que vai “sentir” se Maia sabe se a reforma dos militares chegará nesta quarta-feira, como previsto.
Nesta terça (19), o presidente da CCJ fechou com líderes partidários um cronograma para a Previdência. Ao blog, ele afirmou que a “reforma depende de Paulo Guedes [ministro da Economia] para tramitar”.
“Foi unânime a posição dos coordenadores da comissão, que querem a vinda de Paulo Guedes para explicar a reforma. Falei com o Major Vitor Hugo [líder do governo na Câmara] e ficou marcado para terça-feira (26) que vem, às 14h. A reforma depende de Paulo Guedes para tramitar, combinamos com os partidos que só vamos apresentar relatório após a vinda dele”, disse o deputado.
Irritação com Maia
Na manhã desta quarta, fontes militares do governo ouvidas pelo blog se disseram incomodados com a declaração de Maia sobre a reforma da previdência dos militares. Nesta terça, Maia disse que os “militares chegaram para o fim da festa”.
Uma fonte do Planalto afirmou ao blog que “não é momento de cisão, muito pelo contrário”, e que a “brincadeira” com qualquer categoria é ruim. “Mesma coisa seria desdenhar dos trabalhadores rurais”, disse a fonte.
O grupo reforça que os militares sempre estiveram comprometidos com o Brasil, e que a proposta de agora vem sendo estudada desde o governo Michel Temer e em conjunto com a equipe econômica daquela época, que tem vários integrantes de hoje, como Mansueto Almeida, Leonardo rolim e Paulo Tafner.
BLOG DA JULIA DUAILIBI
Declaração de Maia cai mal entre militares
Ao falar sobre a aposentadoria dos militares, o presidente da Câmara disse que o Brasil quebrou e as Forças Armadas querem ‘entrar no finalzinho da festa’.
Os militares reagiram mal às declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a respeito da reforma da previdência proposta pelas Forças Armadas. Na avaliação de generais que compõem o governo, Maia deu a entender que as Forças Armadas têm um comportamento aproveitador.
“Sempre estivemos cumprindo missão nos navios e submarinos; nas fronteiras, da Amazônia até os Pampas. Cuidando do espaço aéreo brasileiro”, afirmou o ministro da Defesa, Fernando Azevedo. “Nós não temos tempo para estar no início nem no final de festas”, completou sobre a afirmação de Maia.
Ontem, ao comentar a proposta enviada pelas Forças Armadas, Maia disse: “O problema é que nós estamos no fim da festa, o Brasil quebrou, e eles estão querendo entrar nessa festa no finalzinho, quando já está amanhecendo, a música já está acabando e não tem ninguém para dançar”.
A principal crítica de Maia se deu à proposta dos militares de manterem a paridade e a integralidade dos salários na aposentadoria para aqueles que ingressarem no sistema. O presidente da Câmara acha que para os novos quadros das Forças Armadas o regime deve ser o INSS, o mesmo dos demais brasileiros e o que funcionará para os novos servidores civis.
Os militares alegam que a carreira tem especificidades, como em qualquer lugar do mundo. Portanto, eles não poderiam estar submetidos ao mesmo sistema dos civis. Por exemplo, não têm hora extra, adicional noturno e também perderam o auxílio moradia durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Alegam ainda que a categoria teve a reposição salarial abaixo da inflação no governo tucano e que, atualmente, possui um dos salários mais baixos da Esplanada – um general recebe menos de R$ 20 mil enquanto na diplomacia ou na Receita Federal um servidor pode ganhar cerca de R$ 30 mil.
Causou estranhamento também entre as Forças Armadas o fato de Maia ter se mostrado sensível à demanda dos militares, mas depois ter dado a declaração polêmica. Militares destacaram que, apesar de certo desincentivo para ingressar na carreira atualmente – e da perda de talentos –, as Forças Armadas cumprem sua missão, “inclusive no Rio de Janeiro”, onde houve a intervenção federal no ano passado e é terra de Rodrigo Maia.
Hoje o presidente Jair Bolsonaro se encontra com os comandantes das Forças e com Azevedo para definir o texto que deve ser enviado para a Câmara dos Deputados ainda nesta tarde.
CORREIO BRAZILIENSE
Brasília-DF
Denise Rothenburg
Mourão, a fidelidade e as ausências no discurso
Na ausência de Jair Bolsonaro — em viagem aos Estados Unidos —, o presidente em exercício Hamilton Mourão tem tentado se mostrar um vice fiel, que defende o chefe, ataca governos anteriores e evita avançar o sinal nas atribuições do cargo. Foi dessa forma que o general discursou, ontem, no almoço empresarial do Lide Brasília. Durante um discurso de 13 minutos, ele traçou os desafios brasileiros na economia (reformas tributária e previdenciária), na segurança, na área social e na ambiental. A palestra foi elogiada pelo público.
Segundo Mourão, o Brasil elegeu Bolsonaro para resgatar o orgulho, para levar a nação de volta aos trilhos. Um detalhe não passou despercebido, entretanto, por parte da plateia mais atenta: no momento de citar e elogiar o time escolhido, o vice se referiu apenas aos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Sérgio Moro — chegando mesmo a mencionar integrantes da equipe das pastas, como Marcos Cintra, secretário da Receita. Falou também das ações do Ministério da Infraestrutura, chefiado por Tarcísio Gomes de Freitas.
Sem nome
Na parte das perguntas, Mourão foi questionado sobre desafios para a educação, mas não fez qualquer referência ao ministro Ricardo Vélez que, como se sabe, foi indicado ao cargo pelo escritor Olavo de Carvalho. A pasta é alvo de controvérsias justamente por causa dos chamados olavetes e pelas cortinas de fumaça, como a orientação para que escolas lessem o slogan da campanha de Bolsonaro, além de gravarem alunos cantando o hino.
Olavo
Vale lembrar que, um dia antes da chegada de Bolsonaro aos EUA, Olavo acusou Mourão de ter uma “mentalidade golpista”. “Eles estão governando e usando o Bolsonaro como camisinha. Isso é o que eles querem. O Mourão disse: ‘Voltamos ao poder por via democrática’. Como, se quem está no poder é o Bolsonaro e não vocês? Agora, ele (Mourão) acha que estão no poder, então, isso o que é? É golpe. Se não é golpe, é uma mentalidade golpista.”
Educação
Durante o discurso de ontem, Mourão foi cauteloso até mesmo quando alguém da plateia se referiu a ele como presidente. “Interino”, interrompeu o vice. Questionado por uma deputada se não poderia ser um dos interlocutores do governo com o Congresso no caso da tramitação da reforma da Previdência, ele deixou claro que só faria tal coisa com um pedido de Bolsonaro. “Sempre me balizei pela disciplina. Se o presidente me der a tarefa, estou à disposição.”
Nas redes I
A viagem de Bolsonaro estimulou debates polarizados no Twitter, principalmente na decisão pelo fim do visto de entrada dos Estados Unidos no Brasil sem qualquer reciprocidade. Estudo da Levels Inteligência em Relações Governamentais mostra que, ainda na quarta-feira, a controvérsia gerou
205 mil tuítes.
Nas redes II
O lado da defesa do governo Bolsonaro teve predominância, ocupando 46% do universo pesquisado com elogios ao decreto. A narrativa, nesse caso, é uma suposta criação de empregos e renda para os brasileiros com os turistas norte-americanos, australianos, canadenses e japoneses, também beneficiados pela decisão.
Nas redes III
As mensagens com tom mais crítico a Bolsonaro somaram 35% na rede, segundo a Levels. “(Os tuítes) repercutem principalmente a imagem de submissão do Brasil aos EUA, representada pela decisão unilateral dos vistos para turistas, e pela declaração do deputado Eduardo Bolsonaro (foto), do PSL-SP, sobre os imigrantes brasileiros ilegais”, mostra o relatório. O parlamentar disse que imigrantes ilegais são uma vergonha.
Saúde e fake news
Termina amanhã o seminário nacional da saúde pública com a imprensa Fake news e saúde, promovida pela Fiocruz Brasília. No painel de hoje, o debate será feito a partir de experiências reais no mundo das notícias falsas. Entre os palestrantes, jornalistas e pesquisadores da instituição. O Correio participará do evento com a série de reportagens especiais intitulada Memórias de mercenários.
Nas entrelinhas
Luiz Carlos Azedo
A batalha da Previdência
O governo deve enviar hoje à Câmara a proposta de reforma da Previdência dos militares, se é que pode ser chamada assim, porque se trata de um regime especial. A proposta será acompanhada de um novo quadro de carreira nas Forças Armadas, que supostamente aumentará os gastos do governo com o Exército, Marinha e Aeronáutica, mas, no encontro de contas, poderá chegar a uma economia de R$ 13 bilhões ao longo de 10 anos, segundo inconfidência do vice-presidente Hamilton Mourão, que depois voltou atrás nas suas declarações.
Nos bastidores do Ministério da Defesa, de onde partiu a proposta, houve muita discussão sobre o impacto das mudanças para os militares de baixa patente e da alta oficialidade. Há divergências ainda, que serão dirimidas pelo presidente Jair Bolsonaro, que volta hoje dos Estados Unidos. O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, em reunião com a bancada do MDB, não deu maiores informações sobre o assunto. Nos cálculos iniciais da equipe econômica, havia expectativa de que se poderia chegar a R$ 92,3 bilhões de economia com as mudanças nas regras dos militares. Mas parece que o ministro da Economia, Paulo Guedes, perdeu a queda de braço.
Militares argumentam que não se aposentam, passam para a inatividade remunerada. Para garantir esse benefício, com a mudança, integrantes das Forças Armadas teriam de contribuir para o sistema por 35 anos. Atualmente, são 30 anos. Além do maior tempo de contribuição, a alíquota dos militares deve passar dos atuais 7,5% para 10,5%. Os pensionistas de militares, que são isentos de contribuição, também pagarão inicialmente 7,5%, mas essa contribuição deve subir um ponto percentual por ano, até atingir 10,5%. O desconto sobre as pensões chegará a 14%, levando em conta as deduções de 3,5% para serviços de saúde.
Tudo isso depende de Bolsonaro bater o martelo. Durante 30 anos, o presidente da República foi o principal defensor dos soldos militares e sempre votou contra a reforma da Previdência. Não à toa que o eixo principal de sua base eleitoral são os militares e policiais-militares, além de outras corporações ligadas à segurança pública, que hoje estão com forte representação no Congresso. Quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobra empenho do governo na articulação da reforma, mira a necessidade de conter o lobby desses segmentos contrariados. Ninguém tem mais prestígio junto a esses setores do que o presidente da República.
Negociação
Um aspecto importante do debate sobre a reforma da Previdência é o resgate do papel mediador do Congresso, no qual estão representados todos os setores da sociedade.
Há que se considerar também o espírito de corpo dos políticos profissionais, que têm seus ajustes de contas a fazer, por causa da composição do governo, do qual foram marginalizados, e da própria Lava-Jato. Militares, procuradores e magistrados terão de negociar com os políticos um novo status previdenciário. Mesmo os partidos de esquerda, que são contra a reforma da Previdência, vão defender a eliminação de privilégios das corporações.
A tendência do governo é deixar o pau quebrar em relação à reforma, evitando desgastes maiores junto a esses segmentos. Ocorre que os políticos também já se deram conta disso e estão cobrando solidariedade. Se o governo quiser uma reforma que chegue a R$ 1 trilhão de economia em 10 anos, como pretende o ministro Paulo Guedes, terá de entrar em campo para mobilizar sua base.
Ontem, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Felipe Francischini (PSL-PR), afirmou ter expectativa de que o relatório sobre a reforma deva ser apresentado no próximo dia 26, com votação em 3 de abril. É uma avaliação bastante otimista, mas factível, dependendo de quem for o relator. Rodrigo Maia também anunciou que criará uma comissão especial para examinar a proposta dos militares, o que será uma saída salomônica para impedir mais confusão na discussão da proposta na comissão especial já criada.
DIÁRIO DO PODER
Cláudio Humberto
BOLSONARO TERÁ PACOTE CONTRA LOBBY NO GOVERNO
Após estabelecer critérios mais rigorosos para nomeação de ocupantes de cargos comissionados, o presidente Jair Bolsonaro prepara um pacote de medidas de combate ao lobby e tráfico de influência no governo federal. A ideia é criar um sistema online no qual a autoridade terá de informar detalhes sobre cada reunião de que participe ou audiência que conceda. A omissão poderá resultar em sanções penais.
TEM QUE CONTAR TUDO
Em formulário online, a autoridade informará com quem se reuniu, tema da conversa, interesse representado pelo interlocutor etc.
INSPIRAÇÃO CHILENA
O sistema de combate ao lobby que Bolsonaro vai implantar é inspirado em iniciativa semelhante adotada no governo do Chile.
MINISTRO É QUEM TOCA
Entusiasta da solução, o ministro Wagner Rosário (Controladoria Geral da União) é quem está encarregado de desenvolver o sistema.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS
Rosário vai com Bolsonaro ao Chile, nesta sexta, e permanecerá em Santiago obtendo informações sobre o sistema de combate ao lobby.
PRESIDENTE E GOVERNADOR BEM AVALIADOS EM AL
Levantamento exclusivo do Paraná Pesquisa para o site Diário do Poder no Estado de Alagoas mostra aprovação elevada do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do governador Renan Filho (MDB), três meses após a posse, em 1º de janeiro. O presidente é aprovado por 53,9% dos alagoanos, enquanto o governador reeleito tem 75,6% de avaliação positiva da população do Estado que agora é o 2º mais pobre do País.
PRESIDENTE NA BOA
Entre os alagoanos, Bolsonaro tem índice de rejeição é de 39%. Já o maior índice de aprovação está entre os homens: 61,7% aprovam.
GOVERNADOR MUITO BEM
A avaliação da administração estadual mostra que apenas 20,5% desaprovam do governador reeleito Renan Filho.
DADOS
O Paraná Pesquisa entrevistou 1.284 eleitores em 42 municípios do estado de Alagoas, entre 14 e 18 março. A margem de erro é 3%.
IMPUNES ENCARAM CPI
O presidente afastado da Vale, Fábio Schvartsman, 12 conselheiros e 4 diretores irão à CPI da Brumadinho, dia 28, sob pena de condução sob vara, para explicar, por exemplo, por que não retiraram os funcionários da área de risco, após relatório de 2017 prevendo o desastre.
INSULTOS SUSSURRADOS
Ao colocar jovens diplomatas chefiando veteranos, Ernesto Araújo (Relações Exteriores) uniu diplomatas que antes se digladiavam. Agora se dedicam a esculhambar o ministro em cada sala do Itamaraty.
EM SEU HABITAT
O ex-chanceler Antonio Patriota queria a chique Haia (Holanda), até comemorou a remoção, mas o presidente Jair Bolsonaro achou que a múmia petista ficaria melhor no Cairo, observando pirâmides.
MUMBAI NÃO É NY
Guilherme Patriota, irmão do ex-chanceler, que por nossa conta foi vizinho em Nova York do ator Al Pacino e de Bono (U2), naquele apê que nos custava US$23 mil (R$87 mil hoje) ao mês, foi designado para chefiar nosso consulado em Mumbai, vizinho a outras vacas sagradas.
DÁ ATÉ PENA
A cobertura juvenil da visita a Washington ignorou o significado de atos, gestos e palavras do visitante e do anfitrião. Nem deram um Google para fazer comparações às primeiras visitas de outros presidentes.
MOTIVO DE ORGULHO
O deputado JHC (PSB-AL) disse ter se sentido orgulhoso ao ser apontado um dos líderes na disputa para prefeito de Maceió em 2020, segundo levantamento Paraná Pesquisa para o Diário do Poder. Mas quer manter o foco no mandato e na proposição de uma nova política.
DUAS SEMANAS A MAIS
O presidente da CCJ da Câmara, Felipe Franceschini (PSL-PR), disse à rádio Bandeirantes que a reforma da Previdência terá prazo de tramitação pouco maior. Prevê cerca de duas semanas além do prazo.
FALTOU O POVO
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), disse que “governo e partidos” precisam dialogar para aprovar da reforma da Previdência. Só faltará à mesa de negociações os interesses da população brasileira.
PENSANDO BEM…
…após a viagem de Bolsonaro ainda tem gente achando que é melhor ser parceiro comercial da Venezuela.
VEJA
Radar
Maurício Lima
Aprovação de Renan Filho bate 75,6%
Nas alturas
O governador de Alagoas Renan Filho tem 75,6% de aprovação. Apenas 20,5% desaprovam suas administração.
É o que mostra um levantamento exclusivo do Paraná Pesquisas.
Bolsonaro é aprovado por 54% em Alagoas
É o que mostra levantamento inédito
Estado em que o PT sempre demonstra força, Alagoas não é tão resistente ao presidente Jair Bolsonaro. Um levantamento exclusivo do Paraná Pesquisas mostra que 53,9% dos alagoanos aprovam a administração federal. 39% desaprovam Bolsonaro.
Carlos Bolsonaro bate-boca com vereador do PSOL
Filho de Jair Bolsonaro gritou com o vereador Tarcísio Motta (PSOL)
Carlos Bolsonaro iniciou uma discussão com o vereador Tarcísio Motta (PSOL) no plenário da Câmara do Rio na última terça (19).
O bate-boca teve início quando Tarcísio perguntou a Carlos se ele poderia assinar o apoio para levar um projeto de Marielle Franco para discussão em plenário.
Ao notar a aproximação de Tarcísio, Carlos gritou que o vereador “tem dito um monte de besteiras contra sua família”. Em seguida, ordenou: “sai de perto de mim”.
Tarcísio afirmou, então, que não deixaria o local. “Você está maluco? Sou tão vereador quanto você”, respondeu.
Segundo Tarcísio, essa foi a primeira vez que Carlos o destratou.
“Ele foi tão grosseiro que não deu nem tempo de explicar sobre o projeto. Nunca acusei a família Bolsonaro de ligação com o crime de Marielle. O que eu disse é que a família precisa explicar se tem ligações com milicianos, porque é o que as investigações tem mostrado”, disse o vereador ao Radar.
Eduardo Bolsonaro corre para minimizar exclusão de Ernesto Araújo
Chanceler foi substituído por filho do presidente
A ausência do chanceler Ernesto Araújo durante o encontro entre Jair Bolsonaro e Donald Trump caiu como uma bomba no Itamaraty.
Araújo foi substituído pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que não tem cargo diplomático.
Para tentar minimizar o incômodo que provocou, Eduardo acaba de ir às redes sociais dizer que “fora do Brasil somos um corpo só” e que está junto ao embaixador Ernesto Araújo
Quando Temer era presidente, Trump propôs invasão à Venezuela
Questão parece contar com a simpatia de Bolsonaro
Num jantar ocorrido em 2017, em Nova York, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, perguntou a Michel Temer se ele não ajudaria numa solução militar para a crise venezuelana.
Além de Temer, estavam presentes na ocasião o então presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, e a vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti.
Todos eles descartaram este tipo de solução.
Agora, a questão parece voltar ao cardápio de opções com a visita de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos.
Bolsonaro disse que conta com a capacidade bélica dos EUA para “libertar a Venezuela”.
Alcântara: governador é contra remoção de pessoas e ampliação da área
Anúncio foi feito por Jair Bolsonaro e Donald Trump nos Estados Unidos
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), onde fica a Base de Alcântara, está preocupado com o acordo entre Brasil e Estados Unidos.
Ao Radar, fez suas ponderações.
“Sou contra a remoção de pessoas e ampliação da área. E ver se não há alguma clausula lesiva à soberania nacional”.
Blog do Noblat
Ricardo Noblat
Os garotos venceram, taokey?
A saga de uma família
Arrastem as correntes os derrotados – ministros militares, políticos dos mais variados partidos e a mídia em geral. Contra fatos, argumentos não passam de chororô. É fato que os garotos Bolsonaro venceram todos aqueles que queriam vê-los distante da boca do palco do governo do pai.
O sinal mais poderoso da vitória dos garotos acendeu ontem dentro e fora da Casa Branca durante a visita do presidente Jair Bolsonaro ao seu modelo de perfeição, o presidente Donald Trump. E só não viu quem não quis. Tanto viu o ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, que teve um chilique.
No salão oval da Casa Branca, uma vez esvaziado dos jornalistas barulhentos, foi o deputado Eduardo Bolsonaro quem ficou ao lado do pai para testemunhar sua conversa com Trump e com seus principais assessores. Ernesto foi dispensado de ficar. Para atenuar sua humilhação, disseram-lhe que foi Trump que quis assim.
Nos jardins da Casa Branca, depois que Bolsonaro fez votos para que Trump se reeleja nas eleições do próximo ano, o presidente americano retribuiu a gentileza apontando na direção de Eduardo, festejando sua presença ali, e elogiando seu trabalho em prol de melhores relações entre os dois países.
Eduardo é assumidamente uma tiete de Trump. Já foi visto em um resorts do presidente em Las Vegas para participar de uma reunião da seção local do Partido Republicano. Seu inglês foi muito elogiado. No ano passado, desfilou em Nova Iorque com um boné de campanha onde pedia um novo mandato para Trump.
Foram amigos americanos de Eduardo que lhe sopraram a ideia de Bolsonaro visitar a sede da CIA. Eduardo soprou nos ouvidos do pai. Ambos fissurados em Coca-Cola, na Disneylândia e em calças jeans, concordaram em visitar a sede da CIA. Só eles sabem o que disseram e o que ouviram por lá. O ministro Sérgio Moro também sabe.
A retaguarda da nova família imperial brasileira ficou por aqui aos cuidados do vereador Carlos Bolsonaro, responsável pelo que o pai escreve ou compartilha nas redes sociais. Carlos voou do Rio para Brasília e foi visto em despachos não só no Congresso como também no Palácio do Planalto onde emprega amigos e informantes.
Quanto aos outros irmãos, Flávio, o senador, permanece ocupado com os seus e os rolos de Queiroz. E Renanzinho, além de continuar namorando todas as meninas – menos uma – do condomínio onde o pai tem casa, agora se dedica a aprimorar a pontaria numa academia de tiros. São vencedores também.
Gente, isso não é normal!
Trump e o seu espelho
Não é normal que um presidente da República do Brasil se desmanche em elogios escancarados ao presidente da República de outro país, ou ao Chefe de Estado que acaba de visitar. Os elogios devem ser protocolares, discretos, quando nada para que não fique a impressão de que foi subserviente, ou de que se comportou simplesmente como um jeca.
Não é normal que um presidente da República do Brasil, ao cabo de uma viagem ao exterior, seja apontado pela imprensa estrangeira como um bajulador do anfitrião. Presidentes da República do Brasil já foram criticados pela imprensa internacional por outros motivos – uns por chefiarem governos ditatoriais, outros por se revelarem incompetentes, mas não por isso.
Não é normal que um presidente da República do Brasil interfira em assuntos internos do país que visita desejando a quem o recepciona que se reeleja, ou dizendo com todas as letras que acredita em sua reeleição. E se ela não acontecer? Como poderá contar no futuro com a boa vontade do novo governo que ele mesmo desejou que fosse derrotado?
Não é normal que um presidente da República do Brasil, em visita a outro país, faça declarações tão repulsivas contra seus compatriotas forçados um dia a deixarem o local onde nasceram à procura de melhores condições de vida. E que chegue ao ponto de afirmar que apoia a construção de um muro para separar o país que visita dos seus vizinhos.
Não é normal que um presidente da República do Brasil, em visita a outro país, deixe seu ministro das Relações Exteriores em posição subalterna para valorizar a presença de um dos seus filhos, parlamentar reeleito, cada vez mais influente nas decisões de política externa tomadas por seu pai, e fã de carteirinha do presidente do país visitado a ponto de merecer suas deferências.
Por fim, não é normal que um presidente da República do Brasil, em visita a outro país, peça para conhecer a sede de uma das maiores agências de espionagem do mundo, famosa ao longo de sua história por financiar golpes contra presidentes legitimamente eleitos, e manter bases secretas no exterior onde tortura presos políticos. Definitivamente, não é normal.
Se nenhuma dessas coisas é normal, seria possível engoli-las caso o resultado da visita configurasse um retumbante êxito – mas não. Por tudo conhecido até aqui, o visitante concedeu muito mais do que obteve. Dizem seus devotos que a boa química estabelecida entre ele e seu anfitrião dará preciosos frutos. O futuro a Deus pertence. O Deus do visitante sequer é o mesmo Deus do visitado.
BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza
Brasil agora tem um chanceler de quarto escalão
A passagem de Jair Bolsonaro por Washington foi marcada por peculiaridades. Uma delas foi a reclassificação funcional do chanceler Ernesto Araújo. Já se sabia que Ernesto era um ministro das Relações Exteriores atípico. Era de conhecimento geral que ele não responde apenas às ordens do presidente da República. Segue também a orientação do polemista Olavo de Carvalho, seu padrinho e ideólogo.
Pois bem. Descobriu-se em Washington que Ernesto Araújo não é o sub-ministro que todos imaginavam. Na verdade, ele é o sub, do sub do sub. Além do autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho e de Jair Bolsonaro, está acima dele o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Embora Araújo estivesse presente na Casa Branca, foi o filho ‘Zero Três’ do presidente da República quem fez as vezes de chanceler.
Foi Eduardo e não Ernesto quem acompanhou Jair Bolsonaro no encontro com o presidente americano Donald Trump. Não podendo elevar a estatura do seu chanceler, o presidente brasileiro rebaixou o teto do Itamaraty, levando o filho a tiracolo para a conversa com o anfitrião. Se tivesse amor próprio, Ernesto talvez pedisse para sair. Mas o ministro parece habituado à condição de inferioridade.
Recém-eleito presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro já vinha atuando como uma espécie de chanceler do B. Depois dos elogios públicos que recebeu de Donald Trump nos jardins da Casa Branca, é possível que o deputado assuma de vez a condição de responsável pelo Itamaraty. Com isso, Ernesto Araújo desce à crônica da diplomacia brasileira como o primeiro chanceler de quarto escalão da história republicana.